A próxima vítima
Você já se sentiu abusado emocionalmente?
Nem todo relacionamento abusivo envolve abuso físico ou sexual, mas todos envolvem abuso emocional.
O abuso emocional tende a acontecer em torno de um desequilíbrio de poder por parte do abusador. É quando este tenta exercer controle psicológico e, por vezes, físico sobre outra pessoa. Esse tipo de comportamento ocorre em diversos relacionamentos da vida cotidiana, como: colegas de trabalho, amigos, em relações amorosas e até dentro da família.
O abuso emocional pode acontecer por um longo período e sem que a pessoa que está sofrendo o abuso perceba, pois muitas vezes este é sentido ou identificado como “forma de amor “ ou demonstração de afeto e carinho. Talvez, seja por isso que a vítima leve tanto tempo para tomar uma atitude.
Uma forte característica do abusador é a grande habilidade de se desculpar e argumentar após uma atitude que agrida, diminua ou ridicularize o outro. E assim, fazer com que a pessoa agredida tenha sentimentos de culpa e se sinta responsável por provocar este comportamento no agressor.
Talvez as perguntas abaixo possam ajudar a identificar algumas condutas abusivas:
-Você está sendo reduzido ou rebaixado perante os outros?
-Alguém controla, domina e acompanha sua vida diariamente?
-Você se sente dependente desta pessoa?
-É acusado e culpado por tudo que você faz?
-Se sente abandonado por quem ama ou outra pessoa?
-Codependência: Você sempre tem que pedir permissão para tudo? Não tem autonomia ou não faz escolhas por medo?
Se você se identifica com algumas destas questões e se sente incomodado, provavelmente esteja sofrendo de abuso emocional.
É importante reforçar que, na grande maioria dos casos, a relação do abusador com quem está sendo abusado é de PODER. Geralmente esta forma de expressão do abusador reflete consciente ou inconscientemente o que ele sente por ele próprio. Na realidade, ele possui uma autoimagem diminuída, é inseguro, mas para não entrar em contato com ele mesmo, transfere sua dor de forma agressiva nas suas relações.
Portanto, observa-se que a pessoa que abusa emocionalmente, também traz dores de sua infância e precisa de ajuda.
Assim, qualquer um de nós está sujeito a ser ou sofrer abuso emocional. Surge neste contexto uma dúvida: Um abusador pode de fato mudar?
Até pode, mas essa mudança é difícil, complexa e envolve muito trabalho, pois, quando falamos neste tipo de abuso, implica quase sempre no sistema que este está inserido, bem como os valores deste sistema.
Por fim, deixo aqui a mensagem de que um relacionamento saudável, seja ele qual for, amoroso, pais e filhos, de trabalho, entre amigos, não deve impedir o outro de ter autonomia sobre sua própria vida.
Se você não se encontra num relacionamento saudável, pode ser a hora de pedir ajuda!
Cris Burigo - Psicóloga

